31 de mai. de 2009
(A favela me criou), e ela é que tem ensinado a ser quem sou.
Muito mais que um fruto do gueto, muito mais que mão-de-obra barata, muito mais que números de frias estatísticas que falam de mortalidade infantil, analfabetismo, abortos, tráfico de drogas, homicídios, falta de saneamento básico ou qualquer outros desses tenebrosos mantras que refletem o abandono.
A favela me criou e a vida me ensinou que não somos apenas um número de título eleitoral.
O sangue que corre em nossas veias irriga nossos olhos e a paisagem tantas vezes tristes afiam nossa visão, o que vemos aguça todos os nossos sentidos.
É possível então sentir a humanidade encoberta pelos números.
A força da honestidade de gente tão humilde, a beleza de seus sonhos simples, o infinito universo encarcerado na cela forte da realidade.
O sangue que corre em nossas veias irriga nossos olhos e a paisagem tantas vezes tristes afiam nossa visão, o que vemos aguça todos os nossos sentidos.
É possível então sentir a humanidade encoberta pelos números.
A força da honestidade de gente tão humilde, a beleza de seus sonhos simples, o infinito universo encarcerado na cela forte da realidade.
Há Um Olhar sobre Paraisópolis, não como os olhares banais e saturados que já se conhece, um olhar que busca ver as entrelinhas, o subtexto que anima corações e mentes dos que ali habitam.
Busca a vida que flui, presente mais sem ser notada, como um lençol freático de águas profundas.
Há Um Olhar sobre Paraisópolis, que pretende perfurar o solo da indiferença e da ignorância que esconde tais águas
Os sorrisos de crianças e jovens que buscam pela pena vencer os canhões, nas voltas de bolas redondas como o mundo, mudar a trajetória de um futuro incerto..
Cesta de três pontos, a rede que se estufa, mais um novo SET, a corrida, o salto, salto pra vitória.
O som que espalha-se pelo ar, nada de tiros ou bombas, mas sim melodias de efeito moral.
As câmeras que flagram rasgos de esperança de que a cidade, o Brasil, o Mundo, lancem um novo olhar sobre Paraisópolis.
6 de mar. de 2009
Silenciando aos que não tem voz
Em cada esquina músicas ,ritmos diferentes,
Pessoas perambulando, trabalhando
ou passando o tempo simplesmente.
Senhoras e senhores conversando,garotos e garotas dançando,
Funk, Pagode, Samba, Hip Hop,
Versando Rap ou curtindo Rock.
A favela fervilhando...
Mal amanhece e logo começa:
Despertadores apitam...
Peruas que passam...
Crianças que choram...
E o sol logo nasce.
Dia-a-dia de favela é assim,
A qualquer hora tem barulho, balburdía,
Ruas sempre cheias,transporte lotado.
E é dia de alegria, e é dia de fracasso.
A comadre bate a porta,
Quer ter um bate-papo,
fofocar sobre a vizinha do lado,
pedir açúcar e sal emprestados.
Com lama e barro nas ruas sem asfalto,
no sobe-e-desce das ladeiras,
Estamos sempre no corre.
Matando um dragão por dia
e ainda fingindo alegria
pros filhos que ainda não cresceram.
Ao entardecer na favela sentimos algo diferente.
Noventa mil habitantes...
Tanta quietude quer dizer...
-Toque de recolher!
Ao ligarmos nossas TV's
"Enfrentamento com a polícia na Paraisópolis:
A segunda maior favela da Metrópole.
"Um choque...
E lá vem a tropa de choque.
Os helicópteros sobrevoam...
As sirenes soam...
São tiros e bombas pelo ar
.Gritos e choros a ecoar.
-Daqui ninguém sai, aqui ninguém entra!
Estamos todos encurralados.
Veracidade da mídia...
No foco da mídia desfocados.
Amanhã esquece.Segue a vida.
E a vida como Deus manda ou desmanda
Seguirá.
Na esperança que um dia virá
a salvação caída do céu.
Elaine Braga (Moradora de Paraisópolis)
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